João Faria consagra-se vencedor do FJT Velocidade 2026: “Em Jerez senti que poderia ser campeão”

João Faria tornou-se Campeão do FPAK Júnior Team de Velocidade 2025 ao volante de um Ginetta G40, título conquistado no último fim de semana de novembro, no Estoril. A história do jovem piloto de Paredes é tão invulgar quanto inspiradora: sem ligação familiar ao automobilismo, foi graças à influência de um amigo proprietário de um kart que deu os primeiros passos numa carreira que, cinco anos depois, o coloca entre as maiores promessas nacionais.
“Tudo começou devido a um acidente”, recorda. “Pedi ao meu amigo para dar uma volta e não consegui evitar um acidente que deixou o kart danificado. Para ele não ficar com o prejuízo, combinei comprar-lhe o kart. A partir daí nunca mais parei…” O episódio marcaria o início de quatro épocas no karting, que o fizeram evoluir até aos 18 anos, momento em que viu no projeto FPAK Júnior Team a oportunidade ideal para continuar a sua carreira no mesmo ano em que ingressava na universidade para estudar Engenharia Civil.

A adaptação ao Ginetta G40 foi imediata. “A sensação foi muito positiva. O Ginetta não é muito potente, mas é leve e isso proporciona uma ótima relação peso/potência. Conduzi-lo no Estoril foi sentir-me verdadeiramente livre. Foi um primeiro teste entusiasmante.” A estreia oficial aconteceu no exigente circuito de Portimão, onde chegou a assegurar a pole-position, embora fatores externos, como a entrada do safety-car, tenham condicionado os resultados. “As minhas piores classificações da época foram no Algarve”, admite.
A época incluiu ainda duas rondas internacionais, em Jarama e Jerez de La Frontera, experiência que considera marcante. “Foi completamente surreal correr em pistas tão famosas. O ambiente, os traçados, tudo contribuiu para a evolução. Representou uma enorme mais-valia competir nesses circuitos.”
O momento decisivo rumo ao título aconteceu precisamente em Jerez. “Senti que poderia ser campeão quando venci o primeiro título, no Supercars Endurance Espanha. Percebi que, se continuasse assim, tinha hipóteses de terminar a época na liderança do FJT.”
Ao fazer o balanço da temporada, João Faria destaca a estabilidade e a ausência de momentos críticos, sublinhando a importância do apoio recebido dentro da estrutura. “Sempre que surgia algum problema ou dúvida, tínhamos o César Campaniço, diretor desportivo do FJT, disponível para nos ajudar. Isso fez toda a diferença nos momentos de menor confiança ou indecisão.”
Com o título assegurado, o jovem piloto aponta já ao futuro. “O meu sonho é evoluir, chegar a um patamar mais alto e correr além-fronteiras. Quero tirar o máximo partido deste desporto e divertir-me guiando carros cada vez melhores, idealmente nos GT. Adorava competir no WEC ou no DTM.” Para 2026, tudo dependerá da angariação de apoios. “Não será fácil continuar, porque o automobilismo exige grandes orçamentos. Mas estamos a trabalhar nisso, com o objetivo de fazer uma boa época no Campeonato de Portugal de Velocidade/Iberian Supercars.”
A trajetória de João Faria em 2025 e 2026 confirma-o como uma das mais promissoras revelações da nova geração do automobilismo nacional — um talento que ascende sem herança familiar, movido apenas pela paixão, disciplina e vontade de chegar mais longe.



