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“Dakar” veio a Portugal para consagrar um português campeão do mundo

O bp Ultimate Rally Raid Portugal consagrou o jovem Bernardo Oliveira Campeão do Mundo de Navegadores Rally-Raid, na categoria SSV – um feito inédito no desporto nacional – e atribuiu a Daniel Sanders (KTM) o título de pilotos nas motos, com o australiano a também ser o vencedor da prova organizada pelo ACP.

Nos carros, depois de mais de 12 horas ao volante e de 1.119 quilómetros de percurso disputados, ao cronómetro, em estradões de terra do Alentejo, Ribatejo e Estremadura Espanhola, os dois primeiros classificados terminaram separados por escassos 53 segundos. Vantagem do brasileiro Lucas Moraes sobre o sul-africano Henk Lategan, ambos em Toyota Hilux T1+ EVO. Sébastien Loeb (Dacia) fechou o pódio. Mas igualmente destaque para as vitórias dos portugueses Gonçalo Guerreiro (Challenger) e João Dias (SSV) nas respetivas categorias. O “Dakar europeu” está de regresso a Portugal, entre os dias 17 e 22 de março de 2026. 

Natural de Fafe, Bernardo Oliveira tem apenas 20 anos, mas já está a tirar o mestrado de economia, em Boston. Pelo meio consegue arranjar tempo para se sentar ao lado de Alexandre Pinto nas provas que integram o calendário do Campeonato do Mundo de Rally Raid (W2RC). Hoje, com o Padrão dos Descobrimentos como pano de fundo, o português sagrou-se Campeão do Mundo de Navegadores Rally-Raid, na categoria SSV – uma conquista inédita na história do automobilismo nacional. “Honestamente, ainda não caí na realidade. É a primeira época no campeonato do mundo e estou feliz por ser campeão em Portugal. Acredito que vamos fechar o título de pilotos em Marrocos”, afirmou Bernardo Oliveira. 

Quanto ao seu piloto, Alexandre Pinto, só mesmo a matemática o impediu de viver a mesma felicidade, embora até já possa ser virtual campeão, se se confirmar a ausência do italiano Enrico Gaspari, na última prova da época, em Marrocos. 

A segunda edição do bp Ultimate Rally Raid Portugal foi pródiga em animação e emoção, com várias mudanças de líder, nas diferentes categorias, nos cinco dias de prova; mas também vários dramas; uma vitória nos automóveis que esteve suspensa até ao controlo final instalado em Belém; e a confirmação de que há uma nova geração de pilotos portugueses com talento e condições para lutar por vitórias e títulos mundiais nos próximos anos. 

Depois de cinco dias de intensa competição e três líderes diferentes (Henk Lategan, João Ferreira e Lucas Moraes), a luta entre os carros no bp Ultimate Rally Raid Portugal terminou com dramatismo e muita emoção. A última etapa, com 103 quilómetros de extensão, foi uma autêntica corrida sprint para a vitória, entre os dois pilotos da Toyota Gazoo Racing W2RC. O brasileiro Lucas Moraes e o sul-africano Henk Lategan partiram separados por apenas 34 segundos, mas o primeiro voou na procura da sua primeira vitória no Campeonato do Mundo de Rally-Raid (W2RC) e terminou o setor seletivo com 53 segundos de vantagem sobre o colega de equipa.

Foi um triunfo com pronúncia portuguesa: “Gosto muito desta prova e é muito bom vencer e poder falar português. O carro não teve qualquer problema e isso permitiu-me ser rápido e escolher uma boa estratégia. No final, a equipa pediu para reduzir o andamento, mas eu também tenho hipótese de vencer o campeonato e decidi manter o ritmo. Enquanto tiver chance de ganhar não vou tirar o pé”, afirmou Lucas Moraes, que venceu uma prova que foi do agrado dos pilotos: “Parabéns à organização, que montou uma prova incrível”, fez questão de sublinhar. 

Henk Lategan terminou na segunda posição e marcou importantes pontos para o Mundial de Rally-Raid. “Tentei marcar o máximo de pontos para o campeonato. A prova teve bons pilotos e o resultado deixa tudo em aberto para a luta pelo título em Marrocos”, explicou. 

Apesar de alguns problemas que condicionaram o andamento, Sébastien Loeb fechou o pódio do bp Ultimate Rally Raid Portugal. “Fiz uma etapa final sem correr riscos e aproveitei para ver a paisagem. Tínhamos velocidade para fazer melhor, mas os problemas dos dias anteriores ditaram o resultado”, disse o francês.  

João Ferreira (Toyota Hilux T1+ Evo) tinha prometido que ia dar espetáculo e cumpriu! O piloto português esmagou os adversários no derradeiro setor seletivo e mostrou que tinha andamento e carro para vencer a prova. Em 103 km, ganhou 1m13s a Nasser Al Attiyah (Dacia Sandrider) e 1m16S a Carlos Sainz (Ford Raptor T1+). “Senti-me muito bem com o carro. É sempre bom vencer um setor seletivo e mostrar o nosso ritmo perante os melhores pilotos do mundo. Não era o que esperava, mas estou contente com o resultado da etapa. Agora é pensar em Marrocos”, disse João Ferreira, após obter a segunda vitória em etapas no W2RC, na categoria Ultimate. 

Depois desta prova, a luta pelo título mundial está ao rubro, com três pilotos separados por 10 pontos. Nasser Al Attiyah (140), Henk Lategan (131) e Lucas Moraes (130) vão decidir, em Marrocos, o campeão do mundo 2025. 

Orgulho nacional 

Os pilotos nacionais alcançaram resultados notáveis no bp Ultimate Rally Raid Portugal. Depois do excelente segundo lugar no Dakar 2025, Gonçalo Guerreiro (Taurus Evo Max) venceu a categoria Challenger, em Portugal. O piloto foi o mais rápido em três das cinco etapas e terminou num excelente 6º lugar, à frente de vários carros da categoria superior Ultimate. “Foi uma boa prova, diverti-me, apesar de alguns contratempos. É um grande resultado”, frisou. 

Os pilotos portugueses dominaram nos SSV, com nove pilotos no top 10! João Dias (Polaris RZR) venceu a categoria com 18 minutos de avanço sobre o segundo classificado. “É um orgulho enorme vencer esta categoria em Portugal. O carro esteve sempre ótimo e permitiu-me atacar”, disse o piloto, que pensa já no Dakar 2026.   

Alexandre Pinto (Polaris RZR) ficou em segundo lugar e deu um passo decisivo para a conquista do título mundial em SSV. “Estou muito feliz pela prova que realizei. Fomos um pouco conservadores, mas ainda assim ficámos em segundo lugar, marcámos o máximo de pontos para o campeonato e estamos muito perto de o conquistar”, disse Alexandre Pinto. Já Bernardo Oliveira garantiu o título de navegadores, aos 20 anos, uma vez que Enrico Gaspari trocou de navegador a meio da época.  

A quinta e última etapa do bp Ultimate Rally Raid Portugal foi histórica para Daniel Sanders (KTM 450 Rally). O piloto confirmou a vitória na prova organizada pelo ACP e sagrou-se, pela primeira vez, campeão do mundo na categoria RallyGP. O australiano está num fantástico momento de forma, já que foi o mais rápido em 50% das etapas do calendário, e venceu as quatro provas do Mundial de Rally-Raid já realizadas este ano. O próximo objetivo é triunfar em Marrocos para fazer o Grand Slam. Em Portugal, foi o mais rápido no prólogo e venceu três das cinco etapas, “O foco estava na etapa e não no campeonato. Nos últimos quilómetros tive uma boa luta e o sentimento é muito bom. Foi uma grande prova, tive sempre um bom feeling, a estratégia certa e diverti-me bastante. O final foi espetacular, com bandeiras e muita gente” disse o novo campeão do mundo no final. “Estou muito feliz com a época que fiz. É a concretização de um sonho, agora vamos celebrar”.  

O pódio das motos ficou completo com o espanhol, Tosha Schareina (Honda CRF 450 Rally). “Queria vencer a etapa e estive sempre ao ataque. Era muito difícil ganhar a prova depois do erro de percurso de ontem, mas estou satisfeito com o segundo lugar. Fizemos um bom trabalho”. O argentino Luciano Benavides (KTM 450 Rally), que venceu a derradeira etapa, foi o terceiro classificado da geral. “A etapa foi muito bonita. Estava muito vento, mas como tinha uma boa aderência consegui ser rápido e divertir-me bastante. Foi a primeira vez que corri em Portugal e estou muito feliz com este pódio”, afirmou. 

O espanhol Edgar Canet (KTM 450 Rally) venceu a categoria Rally2, pela terceira vez, esta época, enquanto Thomas Zoldos (Beta 430) foi o melhor em Rally3. O francês Gaëtan Martínez venceu entre os Quads, um triunfo que valeu a conquista antecipada da Taça do Mundo de Rally-Raid, uma vez que a prova de Marrocos não conta com esta categoria. 

Classificação final Autos 
1º Lucas Moraes/Armand Monleon (Toyota Hilux T1+ Evo), com 12h13m05s 
2º Henk Lategan/Brett Cummings (Toyota Hilux T1+ Evo), a 53s 
3º Sebastien Loeb/Edouard Boulanger (Dacia Sandrider), a 10m05s 
4º Christian Baumgart/Luís Felipe Eckel (Toyota Hilux T1+ Evo), a 17m43s  
5º Nasser Al Attiyah/Fabian Lurquin (Dacia Sandrider), a 24m13s 
6º Gonçalo Guerreiro/Bruno Jacomy (Tauris Evo Max), a 23m53s (1º Challenger e 1º português) 
11º João Dias/Rui Pita (Polaris RZR), a 43m33s (1º SSV) 

Classificação final Motos 
1º Daniel Sanders (KTM 450 Rally), com 12h39m39s 
2º Tosha Schareina (Honda CRF 450 Rally), a 3m40s 
3º Luciano Benavides (KTM 450 Rally), a 12m41s 
4º Ricky Brabec (Honda CRF 450 Rally), a 14m34s 
5º Edgar Canet (KTM 450 Rally), a 21m57s (1º Rally2) 
8º Bruno Santos (Husqvarna FR450 Rally), a 27m18s (1º português) 
15º Thomas Zoldos (Beta 430), a 1h16m33s (1º Rally3) 
25º Gaëtan Martinez (CF Force 1000), a 3hm05,41s (1º Quad) 

Campeonato de Pilotos Autos 
1º Nasser Al Athiyah, 140 pontos 
2º Henk Lategan, 131 
3º Lucas Moraes, 130 
4º Seth Quintero, 84 
5º Yazeed Al Rajhi, 77 

Campeonato de Construtores Autos 
1º Toyota Gazoo Racing W2RC, 397 pontos 
2º Dacia Sandrider, 287 
3º Ford M-Sport, 217 

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