Montanha

Telmo Costa: o homem da TéMotorSport que transformou uma estreia num vice-campeonato

Foi um dos nomes em destaque na época de 2025 do Campeonato de Portugal Legends de Montanha JC Group. Aos comandos de um Citroën Saxo Cup bem preparado, Telmo Costa foi presença constante entre os mais fortes e terminou o campeonato como vice-campeão nacional, selando a temporada com a sua primeira vitória absoluta entre os Legends, alcançada na mítica Rampa da Arrábida.

A participação de Telmo Costa na Montanha está diretamente ligada ao nascimento da sua equipa, a TéMotorSport — um projeto há muito sonhado: “Confesso que não era a modalidade que mais me aliciava”, admite. “Mas o impacto mediático da Montanha, aliado à possibilidade de ser simultaneamente piloto e team manager, tornava este o caminho mais lógico e, diga-se de passagem, em boa hora o escolhi. Inicialmente, a ideia era fazer apenas uma participação esporádica. “Era mais para estar próximo dos meus ‘campeões, só que não!”, brinca. A paixão falou mais alto.

Da perícia às rampas

A ligação de Telmo Costa ao desporto motorizado começou há mais de uma década. “Em 2011, eu era um apaixonado por motos e achava que para ser piloto de automóveis era preciso passar uns testes na NASA”, conta com humor. O destino, porém, encarregou-se de mostrar-lhe o contrário. “Trabalhava com um desses sortudos e percebi que afinal não era bem assim. Pouco tempo depois, já participava e vencia provas de perícia amadora em pisos de terra e acabei por organizar algumas delas.”

O gosto cresceu. “Comprei o meu primeiro ‘carro de corridas’ com os olhos postos no Troféu de Autocross do Team Baia. As minhas noites passaram a ser na Mecanik Competições, onde se começou a fabricar o sonho.”

A partir daí, a carreira diversificou-se: Ralis, Ralicross, algumas passagens como navegador e vários trabalhos de bastidores em equipas de referência como a A. Miranda, A. Pereira ou MNE Sport. “De todos esses sítios trouxe aprendizagens que levo para a vida e que hoje aplico na TéMotorSport.”

2025: o Ano Zero da TéMotorSport

A estreia oficial na Montanha não podia ser mais simbólica: “Murça é um dos meus traçados preferidos, mas é também dos que mais exige reconhecimento — e no meu caso, esse trabalho começou… na subida de Warm-Up”, ri-se. Mesmo assim, conseguiu um 4.º lugar entre um plantel de luxo.

Na Penha, veio o primeiro pódio absoluto: “É um tipo de traçado técnico, com grip variável e a experiência no Rallycross ajudou. Fizemos o reconhecimento de carrinha e reboque atrelado, por isso não esperava milagres”, conta. “Mas conseguimos o pódio.”

Chegava então a prova de casa — a Falperra. “As responsabilidades eram acrescidas, mas na TéMotorSport as prioridades são sempre os clientes. Nem aqui houve um bom trabalho de casa nos reconhecimentos”, confessa. “Uma transmissão cedeu na subida oficial, mas estávamos no ritmo dos da frente. Ainda assim, repetimos o pódio absoluto.”

Entre altos, baixos e superação

A Serra da Estrela prometia ser um ponto alto, com tempo para dois reconhecimentos na sexta-feira e um carro em forma. Mas o destino trocou-lhe as voltas: “A mecânica cedeu logo no primeiro dia. Se fosse o carro de um cliente, a minha equipa teria o carro de volta à estrada. Mas, por decisão minha, concentramo-nos nos meus dois ‘vices’, que estiveram fantásticos.”

Em Santa Marta de Penaguião, a história voltou a sorrir. “Que bela organização! E que traçado técnico. Trabalhámos no comportamento do carro e adaptámo-nos. Fui mais ‘ralizeiro’, escolhendo sempre o caminho mais curto… que o digam os rails”, brinca. O resultado? Mais um pódio nos Legends.

No Caramulo, veio a prova mais amarga. “Sabíamos que não era um traçado favorável, e a falta de tempo complicou tudo. Foi a minha ‘nódoa negra’ do campeonato. Prometo vingar-me, Caramulo!”, atira com humor. Terminou em 5.º lugar, o pior resultado da época.

Mas Boticas trouxe o renascer. “Desta vez fizemos reconhecimentos! E até experimentámos o luxo de dois pneus novos… incrível”, conta entre risos. “Sabíamos que tínhamos de lutar até ao fim pelo vice, e voltámos ao pódio.”

Arrábida: o sonho da vitória

O desfecho perfeito chegou na Rampa da Arrábida. “Entrámos na prova em 4.º lugar absoluto dos Legends. Trocámos finalmente a velha caixa sincronizada por uma de crabots devidamente escalonada. Parecia que o Saxo tinha ganho mais 100 cv!”

Mas o azar não desistiu. “A caixa cedeu ainda no sábado. A equipa, incansável, voltou a montar a antiga durante a noite. No domingo, fiz uma subida limpa e, contra todas as adversidades, conseguimos a primeira vitória absoluta entre os Legends. Foi o resultado que a minha equipa merecia.”

Um vice-campeonato com sabor a vitória

“Só assim podia ser vice-campeão. Este título é da minha família TéMotorSport”, diz com emoção. “No ano zero da equipa conseguimos superar todas as metas e fazer três vice-campeões. Sei que o politicamente correto diz que só eu o sou, mas para mim o Bruno e o Horácio são os meus campeões.”

Telmo Costa não esquece ninguém: “Isto é fruto de uma equipa fantástica, que se tornou família. O meu muito obrigado a todos e aos nossos parceiros: TéPneus, Origem Mobiliária & Decoração, Paulo dos Amortecedores, Kimso, Xpower, Miguel Pereira Elect. Auto, RaceWash, Drogaria N14 e Sequeirauto. Um obrigado especial à minha família de casa e aos meus colegas de trabalho, que tanto sofrem com esta minha loucura.” Também não falta o fair play: “Parabéns ao bicampeão António Barros e ao Filipe Macedo que também seria um excelente vice. Concorrente não é sinónimo de inimigo. É um prazer partilhar a pista convosco.”

Sobre o futuro, mantém os pés no chão. “Ainda não sei o que me espera em 2026. Sou péssimo a pedir apoios, e sem eles será difícil voltar a tempo inteiro. Mas vamos tentar.”

Telmo Costa fecha a temporada com a serenidade de quem construiu muito mais do que resultados: formou uma equipa, fez campeões e encontrou o seu lugar na montanha. No ano zero da TéMotorSport, o vice-campeão nacional dos Legends provou que, quando a paixão é genuína, liderar é também acelerar com o coração.

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