Iberian Historic Endurance assinou o grande final do Estoril Classics

Coube ao Iberian Historic Endurance as honras de encerrar a nona edição do Estoril Classics, com os espectaculares e carismáticos carros de Turismo, GT e protótipos até 1976 a oferecerem à entusiasmada moldura humana presente no Autódromo do Estoril uma corrida animada e repleta de pontos de interesse.
Num dos eventos mais aguardados do ano – afinal, trata-se de um dos maiores eventos de clássicos de competição a nível mundial -, no início da tarde de sábado, o numeroso pelotão, ostentando o emblema da Liqui Moly, disputou a sessão de qualificação que definiu a grelha de partida para a corrida de 50 minutos.

Christian Oldendorff, que trocou o seu Alfa Romeo Giulia TZ2 por um igualmente espectacular Ford GT40, registou o melhor tempo do treino cronometrado e partilhou a primeira linha da grelha com o Porsche 911 3.0 RS de Carlos Brízido/Miguel Lobo, os mais rápidos da classe H-1976. A segunda linha foi ocupada pelo belga Olivier Muytjens, em Ford GT40, e por britânico Tom Canning, ao volante de um Ginetta G10, ao passo que atrás de si alinharam o Chevrolet Corvette LS8 da dupla Pedro Bethencourt/Jorge Nogueira Pinto e o pequeno protótipo de construção inglesa Merlyn MK4 de Carlos Barbot/Filipe Vieira de Campos.
Pelas 17h15 de domingo, num fim de semana de bom tempo e temperaturas aprazíveis no concelho de Cascais, os quarenta e cinco carros — o número máximo autorizado neste circuito de Grau 1 da FIA — alinharam na grelha de partida para uma corrida com forte componente estratégica, decorrente da obrigatoriedade de paragem nas boxes.
Christian Oldendorff fez um bom arranque, ao passo que o Porsche de Carlos Brízido/Miguel Lobo teve um início de corrida bastante mais cauteloso, ficando a oposição ao pole-position a cargo de Olivier Muytjens. Na segunda volta, devido à entrada do Safety-Car para retirar um carro imobilizado na pista, o pelotão reagrupou-se. No recomeço, o Ginetta de Tom Canning, o Jaguar E-Type de Rhea Sautter/Andrew Newall, o Corvette de Pedro Bethencourt/Jorge Nogueira Pinto e o Merlyn de Carlos Barbot/Filipe Vieira de Campos iam mantendo o público ao rubro numa batalha a quatro, ao passo que mais atrás infindáveis lutas e trocas de posições iam modelando a classificação.
Ainda na primeira metade da contenda, Olivier Muytjens acabou por se atrasar na classificação, devido a um pião na Curva 1, e o Corvette sucumbiu. Com o tempo de prova a passar, a corrida estabilizou-se naturalmente com o GT40 de Christian Oldendorff na frente, seguido pelo Ginetta de Tom Canning e o Jaguar de Rhea Sautter/Andrew Newall. Logo atrás, o Porsche de Carlos Brízido/Miguel Lobo, o elegante 275 GTB de Andreas Rolner/Pierre Alain Thibaut e o E-Type de Laurent Jaspers mantinham o interesse do muito público num duelo de gigantes da indústria automóvel: Porsche, Ferrari e Jaguar.
A corrida desenrolou-se sem percalços até às paragens nas boxes, que iriam alterar ligeiramente a anatomia da corrida, mas sem comprometer o interesse, dado que os concorrentes mais rápidos iniciaram a fase de dobragens, que em nada foi fácil devido às diversas trocas de posições no meio do aguerrido, mas muito correcto, pelotão.
Se Christian Oldendorff geria agora a sua corrida, Olivier Muytjens recuperava até ao terceiro lugar, ao passo que o Porsche de Carlos Brízido/Miguel Lobo, que não parecia saciado com o primeiro lugar entre os H-1976, ultrapassava o “Big Cat” de Rhea Sautter/Andrew Newall, que passava a defender-se do carro semelhante de Laurent Jaspers, com este último a levar a melhor, assumindo a liderança dos H-1965 à 15.ª volta.
Um Safety-Car nos momentos finais da corrida antecipou o final competitivo da prova. Christian Oldendorff, que fez a volta mais rápida, foi o primeiro a ver a bandeira de xadrez, mas uma penalização de 40 segundos por não ter cumprido o tempo mínimo de paragem nas boxes custou-lhe a vitória. O jovem Tom Canning, a correr com um clássico pela primeira vez, sagrou-se vencedor, cortando a linha de meta com três centésimos de segundo de avanço sobre Olivier Muytjens, que no final da prova reconheceu que, em condições normais, seria muito difícil lutar pela vitória devido a problemas de alimentação no seu carro. Estes três intervenientes selaram o pódio dos SC & GTP. Ainda dentro desta categoria, Carlos Barbot/Filipe Vieira de Campos terminaram fora dos lugares do pódio, mas obtiveram um meritório quinto lugar da geral, ao passo que o Lotus Seven de João Mira Gomes/Nuno Afoito, que teve vários duelos interessantes ao longo da corrida, foi o sétimo.
Após uma contenda a subir posições, Laurens Jaspers foi o quarto a cruzar a linha de meta, sendo promovido a terceiro, e triunfou na categoria H-1965, tendo sido acompanhado no pódio por Rhea Sautter/Andrew Newall e por Brice Pineau, no Shelby Cobra Daytona da HY Racing.
Carlos Brízido/Miguel Lobo conquistaram uma indiscutível vitória nos H-1976. João Santos e José Carvalhosa, também com um Porsche 911 3.0 RS, foram segundos classificados, o melhor resultado desta dupla no Historic Endurance, enquanto Robin Ellis, em Porsche 911 2.8 RSR, completou os lugares do pódio.
Nos H-1971, o domínio inicial foi dos carros de Turismo, neste caso dos Alfa Romeo GT AM, com quatro unidades da marca de Arese na cabeça deste renhido pelotão. No final, Henry Wegener foi o mais forte e o único que não perdeu posições, superando o Porsche 911 2.5 ST do trio Piero Dal Maso/Guilherme Dal Maso/José Carvalhosa. O lugar mais baixo do pódio foi ocupado, graças a uma boa estratégia de corrida e paragem nas boxes, por Carlos e Nuno Matos, no Porsche 914/6 GT.
Na Gentlemen Driver Spirit (GDS), que engloba todas as viaturas equipadas com motores até 1300 cc e todos os carros de Turismo até 2000 cc, Nuno Nunes tinha ritmo para levar o seu Porsche 911 SWB a um triunfo confortável, fruto de uma condução irrepreensível, mas um “Drive Through” relegou-o para o segundo posto. João Neves e Francisco Gonçalves, que vinham a fazer uma corrida muito interessante, ombreando com carros teoricamente mais rápidos, não desperdiçaram a oportunidade e obtiveram um triunfo justo. O terceiro posto foi bastante disputado, com Vincent Tourneur, também em Porsche 911 SWB, a levar a melhor sobre o trio constituído por Rui Bevilacqua/António Magalhães/Nuno Veiga, em Alfa Romeo Giulia Ti Super.
Como não há prova do Historic Endurance sem a classificação do Index de Performance, que é calculada com base num coeficiente aplicado a cada modelo, onde se valorizam os carros mais antigos e de menor cilindrada, Fabiano Vivacqua Jr, em Porsche 365 B, celebrou o seu primeiro triunfo na competição da Race Ready, recebendo um magnífico exemplar do prestigiado relojoeiro Cuervo y Sobrinos — a única marca relojoeira suíça com um legado genuinamente latino. O pódio desta classificação, que premeia aquele que consegue extrair o máximo rendimento da sua máquina, ficou completo com Rui Bevilacqua/António Magalhães/Nuno Veiga, os vencedores desta classificação em 2024, e João Neves e Francisco Gonçalves.
Depois da grande festa do Estoril Classics, que teve 40 mil espectadores ao longo de quatro dias, a mais prestigiada competição de carros clássicos do sul da Europa ruma ao Algarve Classic Festival, de 24 a 26 de Outubro, para quatro corridas que prometem animar o rejuvescido evento algarvio. Com a lista de inscritos do Historic Endurance a ultrapassar as setenta inscrições, a grelha de partida, da competição de referência para carros de Turismo e GT até 1976, será dividida em duas: Historic Endurance 1 e Historic Endurance 2.